Celebração de casamento em diversas culturas e religiões: rituais e simbolismos
Casamento Islâmico
O Islamismo, religião monoteísta, é professado, estima-se, por cerca de 25% da população mundial, tendo-se tornado um símbolo da civilização árabe. Baseia-se em cinco pilares: a fé, que se reconhece na fidelidade a Deus (Alá) e ao Profeta (Maomé); a oração; o jejum durante o Ramadão; a caridade para com os pobres; a peregrinação a Meca. Os três ramos do Islamismo são o Sunismo, o Xiismo, o Jiadismo.
Para a fé islâmica o casamento não é um sacramento, mas sim um dever religioso. As mulheres muçulmanas estão proibidas de contrair matrimónio com um não muçulmano (porque a fé muçulmana se transmite através da linha paternal). Os homens muçulmanos podem casar-se com uma mulher católica ou judia.
A poligamia é aceite. A lei islâmica, em alguns países, permite que o homem case com até quatro mulheres, contudo com o consenso de todas elas, que devem ser tratadas de forma igual, devendo o marido dividir o seu tempo e os seus recursos por todas, de forma equitativa, sustentando-as enquanto viverem.
Historicamente, a mulher muçulmana está protegida pelo vestuário que lhe cobre o corpo para manter intacta a honra masculina, tornando-a inacessível, pura e respeitável. Contudo, esta regra não é praticada por todas as mulheres nem em todas as regiões.
O contrato de matrimónio muçulmano pode ser assinado semanas antes da celebração propriamente dita, pelo noivo ou seu pai, na presença do Imã e de testemunhas. Nem todos os muçulmanos realizam cerimónias de casamento, porque os casais são considerados como casados a partir do momento da assinatura do contrato de matrimónio. A cerimónia propriamente dita é apenas a confirmação da união e os festejos podem ocorrer sob separação dos homens e mulheres presentes.
Quando se realiza numa mesquita, o casamento é realizado por um “Ma´dhum”, mas pode ocorrer em qualquer outro tipo de espaço. Ocorre antes da boda a cerimónia da “henna”, que é aplicado nas mãos e pés dos noivos.
Se a celebração ocorrer na mesquita (para tal sendo necessário que os noivos sejam ambos muçulmanos) os convidados estão divididos por género. A noiva entra em último lugar e é recitada uma parte do Alcorão, com os noivos cobertos de branco.
São trocados presentes entre ambas as famílias antes e depois do casamento.
O vermelho escuro é a cor normalmente escolhida para o vestido da noiva, com adornos de flores e joias. A cabeça é coberta por um véu em sinal de respeito. O noivo pode vestir um fato de seda brocada e turbante. Tradicionalmente, contudo, a noiva árabe usará um vestido branco, como outras noivas noutras religiões, tendo como traço distintivo as mão e pés desenhados com “henna”. Neste caso, o noivo usará um fato ocidental.
Casamento Hindu
O hinduísmo é uma tradição religiosa de complexa definição, na medida em que carece de fundador, de credo, de livro santo, de mestre, de profeta, reconhecido por todos os hindus. O termo hindu é, identicamente, de difícil definição, atualmente significando a pertença a uma casta, comunidade, região ou idioma. Estima-se que 15% da população mundial pratique o hinduísmo, amplamente considerado como uma prática religiosa, uma cultura, uma forma de vida.
Uma das regras comuns do hinduísmo prende-se com a necessidade de contrair matrimónio com uma pessoa da mesma casta.
Um casamento tradicional hindu é normalmente celebrado ao longo de vários dias, repleto de rituais, de simbolismos, de cor, mas os ritos mais significativos para os noivos e as respetivas famílias têm uma duração aproximada de apenas uma hora.
A data escolhida para a celebração do casamento obedece a várias condicionantes: normalmente consulta-se um mapa astrológico; não se celebram casamentos nas datas e horas do “Amavasya” (um termo em sânscrito que se refere à fase lunar da lua nova. O calendário lunar hindu usa 30 fases lunares, chamadas “tithi”); também não acontecem casamentos durante o “Shraaddh” (período de dezasseis dias durante os quais os hindus rezam pelos seus ancestrais e familiares falecidos), nem nos quinze dias que antecedem o festival “Holi” (festa primaveril, muito popular e amplamente celebrada com grande alegria).
O casamento é festejado em instalações escolhidas pela família da noiva, frequentemente um hotel. Após o casamento propriamente dito (que acontece sob um toldo próprio ao ar livre, designado “mandap”) seguem-se bênçãos no templo.
Acontece uma infinidade de rituais e de tradições. Por exemplo, o “Sangeet Sandhya” é um serão com animação musical ao longo do qual a família do noivo cria um momento de entretenimento para os noivos. Aplica-se “henna” nas mãos e nos pés da noiva, e também do noivo, se este assim o desejar. O noivo dirige-se às instalações da festa de casamento num cavalo engalanado, encabeçando um cortejo denominado “Barat Nikasi”. O “Hathlewa” é um ritual praticado, que consta da colocação de uma moeda na mão direita do noivo, que é unida à mão da noiva.
A cerimónia do casamento propriamente dita designa-se por “Havan”, quando as vestes dos noivos são atadas pelo celebrante, simbolizando uma união sagrada. Os noivos circulam em torno do fogo sagrado sete vezes, fazendo sete promessas a serem cumpridas ao longo do futuro conjugal, após o que são, então, considerados casados.
- Casamento Judaico
Estima-se que apenas 0,2% da população mundial pratique o judaísmo, fazendo desta a menor das religiões do mundo, contudo com uma influência e uma distribuição geográfica proporcionalmente inversas ao respetivo número de praticantes.
Enquanto religião, o judaísmo, a mais antiga das três religiões monoteístas, integra três elementos essenciais: Deus, a Torá e Israel. O judaísmo crê num Deus universal e eterno, criador e soberano de tudo o que existe.
Durante o ano existem, para a comunidade judaica, datas de grande importância nas quais não se podem celebrar casamentos, destacando-se as sextas-feiras à tarde quando se inicia o “Shabat”; o “Rosh Hashana” (Ano Novo); o “Yom Kipur” (Dia do Perdão); o “Pesaj” (libertação do povo Hebreu da escravatura no Egipto); a “Nove de Av” (normalmente entre julho e agosto, é um período de luto).
No judaísmo o matrimónio consiste numa aliança sagrada e os noivos devem, necessariamente, pertencer à mesma religião. De entre os vários aspetos necessários para a realização do matrimónio, os pais devem estar de acordo, a comunidade judaica deve ser informada e ambos os contraentes devem assinar um contrato de matrimónio.
Existem alguns passos fundamentais no âmbito de um casamento judaico, designadamente: o banho da noiva (“Mikve” ou “Tebila”) que deve acontecer uns dias antes (a noiva banha-se sete vezes em águas rituais para que Deus a bendiga com saúde, luz e prosperidade); as borbulhas de sabão à saída do templo (para que as ilusões se materializem); a “Ketubá” (o contrato matrimonial); a aliança (que detém um papel preponderante na medida em que é o elemento que transforma os noivos em marido e mulher); o “Jupá” sob o qual os noivos são conduzidos para a realização da cerimónia e que significa a casa e a hospitalidade; o quebrar de um copo de vinho para concluir a cerimónia, simbolizando sorte; o “Talit”, oferta da família da noiva; o véu, considerado como elemento protetor da noiva contra olhares mal intencionados.
A cerimónia inicia-se com a entrada dos noivos na sinagoga (após vários dias sem se verem e jejuando no dia da celebração), acompanhados pelos seus pais e madrinhas, posicionando-se sob o “chuppah”, uma espécie de tenda que simboliza o lar onde vão residir. O casal toma o seu lugar sob o pálio nupcial, ficando a mulher à direita. O Rabino, recorda aos noivos os seus deveres matrimoniais e benze um cálice de vinho, que estes bebem. Segue-se um momento de ação de graças. O noivo coloca a aliança na noiva (o ato sagrado) e o Rabino lê o “Ketubá”, precisando os compromissos e a entrega do dote. De seguida, o Rabino abençoa sete vezes o casal, e o marido parte um copo (embrulhado num lenço) com o pé, gesto que significa que, mesmo nos momentos difíceis, não se esquecerá da destruição do santuário de Jerusalém. Todos os convidados dirão, alegremente, “Mazeltov” (significa boa sorte em hebraico). Esta cerimónia tem a duração aproximada de vinte minutos. De seguida os noivos retiram-se uns momentos para um espaço privado, antes do banquete.
No início da refeição, benze-se pão (challah) como símbolo da união de ambas as famílias. A festa inclui música e danças.
Um dos pontos em comum com o casamento da Igreja Católica tem a ver com a cor do vestido da noiva, também branco. No decorrer da cerimónia, tanto o noivo como os convidados devem usar quipá.
Cristina Fernandes
Maio de 2022
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